Friday, February 16, 2007

La retour parte II

Por vezes são pequenas coisas que nos fazem distinguir, um simples gesto, uma acção, algo que para nós não será mais do que rotina, pode na verdade mudar o rumo dos acontecimentos…
Terá por ventura James Watt imaginado que a sua máquina a vapor iria revolucionar a história ao ser utilizada como motor de uma indústria emergente que transformou por completo todo o panorama social, económico e até politico internacional? Terá Vasco da Gama pensado na gloria eterna quando se limitou a cumprir as ordens que el-rei d. Manuel lhe tinha dado? O nosso lugar na história pode ficar marcado por uma acção involuntária, pois esta é feita do acaso e de acidentes, de avanços e retrocessos, de boas e más acções, de arbitrariedade e de parcialidade.
Quando hoje elegemos os “grandes portugueses”, uma lista de 100 ilustres lusitanos onde figuram os nomes dos proeminentes José Mourinho, Cristiano Ronaldo, Pinto da Costa ou Hélio Pestana, entre outros, podemos encontrar um grupo de 100 bravos, que lutaram, batalharam e mitigaram por aquilo que Portugal é hoje…
Cinismo de lado, o propósito deste texto, é fazer uma pequena homenagem a um senhor que por apenas 20 votos não figurou no chamado “top 10”, Salgueiro Maia, representa tudo aquilo que um grande português deve ter: coragem, humildade, perseverança, honestidade. Este capitão de Abril, líder operacional da revolução dos cravos, poderia ter tido todo o protagonismo que quisesse depois da ordem politica do antigo regime ter caído. Porém, ao contrário de muitos dos seus companheiros, afastou-se como um bom soldado que havia cumprido o seu dever. Por isso o Capitão Salgueiro Maia merece todo o nosso respeito, merece que o recordemos para sempre como um grande português, que, apesar dos tempos loucos que corriam, e todas as “balbúrdias” que se cometeram no PREC, se manteve integro, e longe de alguns despotismos que caracterizaram o período pós revolucionário.
Pode nunca ter sido um governante que “salvou” a pátria, um líder partidário que nos queria transformar numa “Albânia”, um grande navegador, um poeta genial, pode não ter andado com a merche romero nem participado nos “morangos com açúcar”, nunca apresentou nenhum programa de televisão do género Zip Zap, não foi arguido num processo mediático como o “apito dourado”, e muito menos representou a pátria em Inglaterra mas sem qualquer margem para duvida que é um enorme português, não pela a sua acção directa no golpe de estado de 25 de Abril de 74 mas por sempre ter agido por dever, não por qualquer outro tipo de interesses pessoais.(Creio, que este senhor deverá ter sido dos poucos a ter conseguido “dignidade da pessoa humana” na concepção Kantiana da expressão, na medida, que o filosofo considerava pessoa humana aquela que se regesse por máximas universais a priori….)

Sendo este um blogue de futebol terei que invariavelmente levar o tema deste mau texto, para o desporto rei. Proponho, pois, que os poucos ou nenhuns leitores do show-de-bola elejam o grande futebolista, dirigente, treinador ou adepto que mais tenha contribuído para o desenvolvimento da modalidade. (se o Freitas do Amaral pode eleger as sete maravilhas de Portugal eu também posso eleger o grande do futebol português.)

O meu voto, pode parecer estranho, vai para Artur Jorge porque mais nenhum ganhou tanto, quer como jogador quer como treinador. Para além de ter sido um insaciável matador nos anos 70 foi um treinador vencedor da taça dos campeões europeus e vencedor do campeonato francês pelo PSG.


Devo dizer que o show-de-bola está de parabens porque fez no passado mês de janeiro um ano de actividade.

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